domingo, 10 de novembro de 2019

Fazer memórias.

Penso muitas vezes que se tivesse a carta de condução daria um jeitão. Não teria que depender tanto dos outros (quando o marido está a trabalhar), nem seria tramada todas as semanas pelo metro e as suas infindáveis perturbações!
Mas também não teria histórias para contar nem faríamos memórias de aventuras em transportes públicos.
O ano passado fui a um encontro com um grupo de conhecidos em Cascais, sendo que Cascais não fica ao virar da esquina, foi toda uma viagem de quase duas horas para lá chegar, e se para mim foi um pouco stressante, para o Gabriel foi uma aventura em todo o sentido da palavra.
Saímos de casa um pouco atrasados para o encontro, mas fomos à mesma. Apanhamos um autocarro na primeira paragem e saímos na última (detesto andar de autocarro, porque enjoo com muita facilidade), sendo que a última foi ao pé da estação do comboios de Algés, mas tivemos que fazer o percurso todo, mais de meia hora de voltas e voltinhas.
Depois de esperar uns 10 minutos apanhamos o comboio até Cascais, e ainda demorámos uns 40 minutos até lá, já iamos em quase hora e meia de viagem, e ainda nos faltavam 20 minutos a pé até ao Parque Marechal Carmona, relembro que todo o percurso foi feito com uma criança de 5 anos pela mão e outra de 1 ano "ás costas"!
Chegámos hiper atrasados ao encontro, mas do meu ponto de vista, fomos, chegámos bem e conseguimos.
Foi divertido, principalmente para o Gabriel (devo dizer que nesta altura das nossas vidas, dava muitas vezes prioridade ao que era melhor para o Gabriel, não no sentido de negligenciar a princesa, mas no sentido em que ele estava numa idade mais sensível, sendo que ela com tal que estivesse protegida, alimentada e bem tratada não se importa muito com certas coisas),e isso é o mais importante.
Mas se a viagem de ida foi cansativa, a de regresso, foi pior.
Depois de umas 3 horas no parque, e já passada a hora de almoço, apesar de ter levado comida e de haver umas coisas para petiscar no encontro, começamos o caminho de regresso, cansados e com fome, apesar de ser a descer, demorámos mais.
Chegados à estação do comboio de Cascais, fizemos um pit-stop no McDonalds, para comprar um hambúrguer simples para cada um (eu e ele), e lá fomos nós apanhar o comboio de volta, para ir da primeira estação (Cascais) até à ultima (Cais do Sodré), mais uma hora de percurso, pensáva eu.
Mas na estação de Alcantra-Mar, o comboio ficou parado, até que fomos informados que tinha havido um acidente na linha e não havia previsão para andar.
Decidi esperar, apesar de algumas pessoas terem ido para a paragem do autocarro mesmo em frente, que passado um bocado acabou por passar. Nessa altura decidi também ir para a paragem do autocarro, mas enquanto estavamos na paragem o maquinista do comboio avisou que iria partir, esperando por todos os que estavamos na paragem do autocarro.
Chegamos ao Cais do Sodré já passava das 17h30, tendo em conta que tinhamos saído de Cascais perto das 15h30, e de casa quase às 10h, uma ida ao parque, transformou-se num dia fora de casa.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Não existe leite fraco!

De todos os mitos que existem em relação à amamentação, o do "leite fraco" é o mais divulgado, e o que leva a mais "fracassos" juntamente com o tem "pouco leite/não tem leite"!

Nenhuma destas duas afirmações é verdadeira, ponto!
A do "leite fraco" simplesmente não é real, e a do "pouco leite/não tem leite" é uma condição muito, muito rara.

Mas vamos aos factos, se vivemos numa sociedade que a partir do momento em que a amamentação não funciona como é suposto, o primeiro passo é oferecer leite artificial, como é que conseguimos provar a todas as mães que "tiveram pouco leite" ou que o "leite era fraco" que isto é um mito?
Não conseguimos. Porque para todas as mães cujos bebés não conseguiram alimentar porque o seu "leite era fraco" ou tinham "pouco leite", isto é verdade.

O primeiro passo para solucionar um problema é resolver esse problema!
E (quase) todos os problemas relacionados com a amamentação têm solução, só precisa de haver a ajuda certa, e é fundamental que a mãe acredite e queira amamentar.

Quem não quer amamentar, não quer. É um direito, e não deve (nunca) ser julgada por isso.

Mas numa sociedade como a nossa, em que os congressos de Pediatria são (vergonhosamente) "patrocinados" pela Nestlé (por exemplo), e os mitos estão tão enraizados, que todas as mulheres muito antes de serem mães, ouvem que a mãe/tia/prima/amiga/vizinha "tiveram pouco leite" ou o
"leite era fraco", acabam por ser poucas as mulheres que realmente acreditam que amamentar é algo biológico, que todas, como espécie, o podemos fazer, com mais ou menos percalços.

Um dos motivos que leva as mulheres a acreditar no mito do "leite fraco" é a cor e consistência do leite materno humano, e a comparação com o leite de vaca.

INFORMAÇÃO PERTINENTE:
- O leite humano muda constantemente, tanto ao longo da vida do bebé como durante a mamada, até pode mudar de cor conforme a alimentação da mãe, e não é comparável com o leite da vaca. Se pensarmos um bocadinho, porque é que o leite de duas espécies completamente diferentes (não tenho que exemplificar as diferenças entre humanos e vacas, pois não?) teriam que ser iguais? O facto de o leite humano em determinados momentos parecer aguado, não faz dele menos nutritivo, ok?
- O leite que conseguimos tirar com uma bomba, não é, nem de perto, exemplo da quantidade de leite que a mama produz e que o bebé consegue retirar numa mamada, quando a pega é bem feita.

terça-feira, 30 de julho de 2019

Novo vocabulário

Estão a decorrer as férias da escola (a minha altura favorita do ano quando era miúda), e como mãe de uma criança que frequenta o primeiro ciclo numa escola pública, tenho que arranjar alternativas de onde deixar o meu filho, sendo que infelizmente nem eu nem o pai do meu filho temos direito às mesmas férias que têm as crianças.
Durante as primeiras 3 semanas deste mês, esteve numa espécie de campo de férias, em que há desde crianças de 6 anos, até adolescentes de 16/17 anos, o que inevitavelmente levou a que lhe fosse apresentado um novo vocabulário, não muito extenso, mas com imensas possibilidades de utilização, o que leva a que sejam ditas muitas vezes.
Que inclui:
- "Mano"
- "Tipo"
- "Ia man"

Obviamente estou delirante (not!).

A melhor parte é que a irmã de 2 anos e meio, que está em plena fase de aquisição de novas palavras e construção de frases com as novas palavras que vai ouvindo, nem sempre aplica as novas palavras que ouve no contexto certo, ou se calhar aplica.
O que leva ao seguinte cenário:

A Oriana levanta-se do chão onde estava a brincar, e começa a andar rápido para a casa de banho (tirou a fralda recentemente), e diz como se fosse o mais normal do mundo:
- "Ia man" tenho cocó!!

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Natural não significa fácil!

Voltando ao tema amamentação . . .
Estou em vários grupos de mães no FB, no entanto a minha máxima é apenas me manter em grupos que sigam as mesmas visões que eu do que penso ser correcto na maternidade. Não pretendo dizer que eu é que estou certa e os outros errados, mas não me agrada estar em grupos ou fazer conversa (entenda-se discutir) com pessoas com as quais não partilho a opinião. E apesar de que considero as redes sociais um vício, no nosso país em que já não temos aquela "aldeia" para ajudar a criar os filhos, acaba por ser uma forma de partilhar experiências com quem está a passar pelo mesmo que nós.
Infelizmente, o tema amamentação, é sempre motivo de discórdia, especialmente porque somos todos muito pouco empáticos uns com os outros (ou devo dizer: umas com as outras).
Uma das maiores "queixas" em relação à amamentação que mais se "ouve" nestes grupos é o facto da amamentação (e a maternidade em geral) ser muito romantizada (é tudo lindo, e maravilhoso, e cor de rosa, só que não!). E é verdade, quase todas as mulheres antes de serem mães, desconhecem as dificuldades em amamentar, porque efectivamente não se fala nelas.
Apesar da amamentação ser o melhor alimento que se pode dar a um bebé, e isso é indiscutível, mesmo que haja muita gente muito mal (in)formada por aí que diz o contrário, o certo é que não é fácil. Na verdade a amamentação, regra geral, é algo bastante difícil, para o qual é preciso muita força de vontade, paciência, e resistência. Este deve ser dos principais motivos que levam a que muitas mulheres deixem de amamentar logo nos primeiros dias/semanas, pois não estavam preparadas para algumas das dificuldades, e claro a quantidade extraordinária de mitos que rodeia a amamentação.
Mas que tão difícil pode ser pôr a mama na boca do bebe!?
Então:
- Os bebes nem sempre sabem mamar, e ao fazê-lo incorrectamente, magoam, fazem fissuras que doem e sangram.
- As mães não sabem ensinar o bebe a mamar correctamente, nem se apercebem que há um problema e ficam frustradas.
- O bebe que não mama correctamente não só magoa, como não se alimenta bem, e não consegue retirar o leite de que precisa para crescer.
- Como o bebé não dá vazão ao leite que o corpo da mãe produz, este acumula-se no peito, produzindo mais dor, e até pode levar a infecções.
- O ductos entopem, mesmo quando o bebé mama bem, e é preciso saber como desentupir.
- Mamar exige esforço de parte do bebe, mais do que muitos supõem, e cansam-se e adormecem.

Iniciar a amamentação pensando que é um processo simples e fácil, e "chocar" com a realidade, muitas vezes pensando que somos seres raros, é meio caminho andado para o fracasso da amamentação.
Não digo que estar informada vá fazer o caminho mais fácil, mas saber que fazemos parte da regra e não da excepção, ajuda a termos mais paciência e resistência para ultrapassar estas "pedras" no caminho.
Uma mulher informada que sabe que o inicio é difícil, mas que amamentar não é suposto doer, e se dói vai procurar ajuda, não é o mesmo que uma mulher que se depara com as mesmas dificuldades, mas pensa que enquanto a amamentação durar vai sofrer horrores, obviamente que vai desistir e ainda vai pensar que é um fracasso porque não consegue amamentar.
A informação é um bem precioso, mas como toda pedra preciosa, esta informação é preciso saber onde procurar, porque infelizmente não é dada a todas as grávidas como devia.


sábado, 20 de abril de 2019

O melhor elogio!

Depois de ter tido dois filhos (falo como se fosse um batalhão), considero me satisfeita com o meu corpo e aspecto no geral, apesar de ter ganho uma barriga, que não é flácida como o chamado "pneu", é mais bem inchada como uma barriga de gravidez de 3/4 meses.
Como sou magra, quando uso uma roupa mais justa, notasse bastante (especialmente depois de uma boa refeição), e já perdi a conta da quantidade de vezes que me perguntaram se estou grávida! Não adoro que me façam esta pergunta, obviamente, mas já não me chateia como antes.
Hoje foi uma dessas vezes, que me perguntaram, mas foi alguém de quem gosto muito, e que apesar das poucas vezes que nos vemos, sinto uma familiaridade e confiança que me permitiu brincar com a situação. Em modo de desculpa, esta pessoa respondeu: "Vejo te tão contente!" e percebi que é a segunda vez, nos últimos tempos,  que alguém comenta o mesmo. E no mesmo instante, respondi: "Pois estou!"
Fiquei ainda mais contente, e percebi que o melhor elogio que posso receber é este, a parte física não é nem de perto tão importante, como o transparecer algo tão bonito como a felicidade.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Recomendações oficiais

Há já algumas semanas que me tem custado muito escrever, não tenho um motivo, pois mantenho as minhas opiniões, o tempo é escasso mas existe, e o gosto por escrever mantém-se. Não quero abandonar o blogue pois, mesmo com poucos leitores, é um escape para mim.
Por isso vou concentrar os próximos post's num tema que me apaixona e a conselho de uma amiga, partilhar o pouco que sei com quem possa saber ainda menos: a amamentação.

Começarei com algo muito básico, as recomendações oficiais. As recomendações a nível internacional e nacional de parte da OMS (Organização Mundial de Saúde), a DGS (Direção Geral de Saúde) e a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), para a amamentação.
Então, o que é recomendado para todos os bebés em todos os países do mundo (e não só os do terceiro mundo) é que os bebes sejam amamentados (ou alimentados a leite adaptado) em exclusivo até aos 6 meses. Sem nenhum outro alimento, nem sequer água (para os que são amamentados em exclusivo), o leite materno cobre todas as necessidades alimentares e de hidratação, mesmo com temperaturas elevadas. Durante estes primeiros 6 meses não deve ser dado absolutamente mais nada (a não ser que seja necessário algum tipo de medicamento), claro que há sempre excepções, mas do que ouço, acaba por ser a regra dar outros alimentos (ou líquidos) antes dos 6 meses e não a excepção.
Depois dos 6 meses, deve ser introduzida a alimentação complementar, o mais saudável possível, "apresentando" os alimentos cozidos ou crus, sem sal nem açúcar, em papa ou puré ou no método BLW (baby led weaning), sem pressões nem obrigações, deixando o bebe experimentar e comer o que quer e a quantidade que quer, pois como o nome "complementar" diz, é um complemento ao leite materno, que até ao ano deve-se manter como a fonte principal de alimentação do bebe.
Continuando com as recomendações oficiais, a amamentação deve manter-se até aos dois anos no mínimo, e depois até mãe e filho/a quererem, levando, dentro do possível, a um desmame natural. Que pode dar-se entre os 4 e os 7 anos, mantendo sempre benefícios nutricionais assim como de proteção.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Trabalhar

Dizem que fazer o que gostamos, profissionalmente, é não ter que trabalhar mais na vida, como se a palavra "trabalhar" estivesse ligada á insatisfação laboral.
No entanto, e porque vivemos em sociedade, o "fazer" não é o único que influi na nossa satisfação, o ambiente que nos rodeia também tem (in)felizmente muita influencia.
Pois eu posso adorar o que faço, mas se não gosto com quem "trabalho" (salvo seja) não vou ser feliz. E não me venham dizer que posso ser trabalhador(a) independente, e trabalhar no que gosto, só eu. Aparentemente, neste país, trabalhador independente significa "milionário", pois as exigências são muitas e os direitos nenhuns, como se todas as mulheres trabalhadoras independentes ganhassem "rios de dinheiro" e se pudessem dar ao luxo de não trabalhar durante os 4 ou 5 meses que têm direito as trabalhadoras dependentes. Ou os homens trabalhadores independentes não adoecessem.
É muito triste que no nosso país (e falo de Portugal porque não conheço a realidade de outros países) a população em geral seja tão mesquinha, tão egoísta.
Como querem ou têm o descaro de exigir governantes justos, transparentes e honestos, se na maioria das vezes em empresas (ou departamentos) de 10 pessoas, mais de metade são desleais, falsos e maus colegas.

Nunca tive o sonho de ser "isto ou aquilo" (profissionalmente), e sempre que pensava em estudar qualquer coisa era com o intuito de ter um modo de ganhar dinheiro para viver, com algo o menos complicado possível, o único que sempre quis ser foi mãe, não sabendo eu que era dos "trabalhos" mais difíceis e exigentes que existe.

Neste momento trabalho por dois motivos, sendo que o primeiro é o mesmo de sempre, ganhar dinheiro para (sobre)viver, e o outro é para fazer alguma coisa só minha, sem a "tribo" atrás, costumo dizer que vou descansar do meu "trabalho" de ser mãe. Mas ser mãe é e sempre será a minha ocupação e o que irá sempre proporcionar valor á minha vida. Não o valor que é dado pelo que recebo monetariamente (que é nada), ou o valor que é dado pela sociedade, mas o valor que eu lhe dou como sendo o que sempre sonhei fazer.